Os Cartazes das Eleições Autárquicas 2021
As eleições autárquicas estão à porta e a pré-campanha tem sido animada, tendo os cartazes captado a atenção de toda a gente. Seja pelo arrojo ou absurdo (ou uma combinação entre os dois) os candidatos às Eleições Autárquicas de 2021 posicionaram-se da forma mais criativa e descomplexada, que já vimos em Portugal.
Será que esta guerra de cartazes beneficia o debate político? Estará a mensagem a chegar às pessoas ou cai na terra de ninguém? Será que a máxima “Não existe má publicidade” se aplica no panorama político?
A proposta arrojada
A pose do candidato, as fontes escolhidas, a simplicidade da mensagem, a linguagem juvenil e sobretudo as meias. Todos os elementos são uma serenata à juventude. A intenção é o apelo ao voto da camada mais jovem que pode sentir-se excluída de uma conversa tipicamente institucional.
Este foi o cartaz que mais se destacou mas toda a campanha do candidato à Câmara Municipal de Oeiras tem sido marcada pela inovação, audácia e sentido de humor.
Na digih produziu o efeito esperado e ateou o debate. Estará o candidato Alexandre Poço a dar tudo ou a dar demasiado?
Ideologias à parte, a candidata à Câmara Municipal da Amadora Suzana Garcia promete abanar o sistema e recorre mesmo a uma fonte tremida para reforçar a mensagem. As cores saturadas e as fendas de fundo completam o quadro, fazendo deste cartaz uma réplica interessante face à comunicação mais cerimonial, própria da ocasião.
Destacamos ainda o posicionamento do cartaz colocado de frente para a Assembleia da República em Lisboa, quando a candidatura é para a Amadora. Será mais uma afronta directa ao poder instalado ou a candidata lembrou-se que 18,2% das pessoas que trabalham e estudam em Lisboa são residentes da Amadora?
Brilhar por comparação
A Iniciativa Liberal, como tem sido habitual, lançou ao longo desta campanha cartazes cheios de criatividade e apelo visual, onde metem o dedo na ferida. Destacamos o que mais nos cativou pela sua simplicidade: com uma simples comparação, duas perguntas e um jogo de palavras, é comunicada a proposta de valor.
O cartaz fala diretamente àqueles que querem evitar os partidos de centro e têm dúvidas onde depositar o seu voto de protesto. Já a argumentação parece fazer toda a diferença.
O cartaz do PSD à Càmara Municipal do Seixal não chegou a ser colocado (é uma montagem) mas deu muito que falar. Temos a tão em voga comparação ideológica, uma mensagem forte assente em referências impossíveis de ignorar e ainda houve espaço para um trocadilho, à boa maneira portuguesa. Um equilíbrio arriscado entre irreverência e desdém que garantiu a esta campanha (que não chegou a sair do digital e valeu duas queixas endereçadas à CICDR) capas de jornal e uma ampla exposição, a um custo muito reduzido.
País fora afixaram-se milhares de cartazes. Dos mais ambiciosos, passando pelas boas ideias com pobre execução, até àqueles simplesmente sem volta a dar. O que é certo é que serão umas eleições autárquicas menos cinzentas que o habitual, com forte pluralidade de ideias. Até ao dia das eleições, cá estaremos para assistir a mais tesourinhos.