Quando falamos de inclusão digital, o tema da acessibilidade web surge quase sempre em primeiro lugar, e com razão. Criar sites e conteúdos acessíveis a pessoas com deficiências visuais, auditivas, motoras ou cognitivas é essencial mas a verdade é que a inclusão vai muito além disso.

Pensar em inclusão na comunicação digital é também considerar a diversidade de públicos: nas suas vivências, referências culturais, níveis de literacia digital e até no acesso à tecnologia. E é aí que muitas marcas ainda falham.

A verdade é que a diversidade não é um nicho. Muitas vezes, as estratégias de marketing digital são desenhadas com um utilizador “médio” em mente. Mas… quem é essa pessoa? Há quem aceda à internet através de um telemóvel antigo, com uma ligação lenta. Há quem tenha o Português como segunda língua, ou quem nunca tenha feito uma compra online. Há jovens com literacia digital altíssima e adultos que se sentem perdidos num website. E tudo isto é real.

A comunicação inclusiva reconhece esta diversidade sem tratar ninguém como exceção. Pelo contrário: assume que o público é naturalmente diverso e procura formas de o incluir desde o início.

A acessibilidade técnica é um ponto de partida e continua a ser urgente. Legendas, contraste de cores, navegação por teclado, leitores de ecrã, tudo conta. Mas a inclusão mais poderosa começa antes do código.

Começa na forma como escrevemos, nas imagens que escolhemos, nas histórias que contamos e nas suposições que fazemos sobre quem está do outro lado.

  • Usamos linguagem simples e clara, ou cheia de jargão?

  • Assumimos que todos têm tempo e capacidade de leitura prolongada?

  • As imagens representam diferentes idades, corpos, géneros e estilos de vida?

  • Os nossos conteúdos servem só um público com acesso fácil à tecnologia?

Estas perguntas ajudam-nos a perceber se estamos a criar pontes ou barreiras.

Outro ponto muitas vezes ignorado é a literacia digital. Um site que seja tecnicamente acessível pode continuar a ser confuso para quem tem pouca experiência online. A acessibilidade cognitiva (que tem em conta pessoas com dislexia, défice de atenção, dificuldades de leitura ou até mesmo ansiedade) deve fazer parte da equação.

Menus simples, o uso de uma linguagem directa, instruções claras e páginas que não sobrecarregam o utilizador com opções ou estímulos visuais são bons para todos e fundamentais para muitos.

A representação importa, e muito.

Se todos os exemplos usados forem com nomes estrangeiros, todas as imagens forem de pessoas magras e jovens, e todas as referências forem a marcas de luxo… quem se vai sentir incluído? A representação conta, e não é apenas de cumprir uma quota de diversidade. É mostrar que sabemos para quem comunicamos, que vemos pessoas reais, com vidas reais.

Incluir não é “adicionar depois” um botão, uma tradução, uma imagem com mais diversidade. É pensar desde o início com e para pessoas diferentes. Para marcas que querem realmente construir relações com as suas comunidades, a inclusão não é um extra. É uma base.

A inclusão, no fundo, não é só uma questão técnica. É uma postura estratégica e quanto mais cedo for integrada, mais impacto (real) terá. Se está a pensar fazer uma auditoria às suas plataformas e comunicação digital para perceber se está (mesmo) acessível a todos, fale connosco. A nossa equipa vai ajudar a simplificar o processo.